terça-feira, 28 de agosto de 2012

Eleições em Dom Pedro: uma pobreza de projetos factíveis



Prefeita Arlene Costa e o Vice-Prefeito Cloves Bezerra

Norberto Bobbio tratando da “rude matéria” (realidade política) ensina que no mundo das relações sociais prevalecem as paixões e os interesses particulares sobre as razões universais, e que o homem é “animal ideológico” entendida aqui a noção de ideologia no seu pior sentido, ou seja, mentiroso, que mente até para si mesmo, apresentando, com o objetivo de justificar-se, ou de obter consenso para o próprio comportamento, motivações distintas das motivações reais.
O mesmo Bobbio indicou três ideais que devem se opor ao homem violento, passional e mentiroso, quais sejam, a tríade: democracia, direito do homem e paz. O desejo de paz se opõe ao reino da violência, o princípio universalista dos direitos do homem se opõe ao mundo particularista das paixões e dos interesses, a idéia de democracia como transparência, como “governo público em público”,  se opõe a cortina “ideológica” dos enganos e à opacidade do poder.
As eleições municipais em Dom Pedro são regadas preponderantemente pela violência efetiva ou simbólica, pela passionalidade e lógico pelas mentiras. Muito pouco de democracia, de direitos humanos  e de paz.
As propostas dos candidatos é matéria recôndita e não coisa transparente para a população. O que vale é quem ostenta mais poder econômico, mais influência institucional nos poderes constituídos, mais capacidade de soltar boatos nas ruas, de criar situações inexistentes ou alteradas. A astúcia do candidato. Quem pode cooptar mais famílias. Distribuir mais benefícios ao eleitor. Prometer e fazer-se acreditar em empregos.
Além dessas realidades da política ainda há o ódio de parte a parte. A inveja, a astúcia de derrubar o próximo ou de impedir que o outro chegue ao poder. A vontade de chegar ao poder pelo poder. Ainda que seja sem nenhuma plataforma de mudanças efetivas do município, sem nenhum preparo, sem nenhum projeto.
E o Povo? Ah, a Povo participa, defende seus interesses mais imediatos, vai às ruas, participa de caminhadas, carreatas, se envolve emocionalmente, é uma deliciosa festa.
E os grupos? Nesta eleição claro mesmo ficou apenas as paixões do eleitor que se identifica como oposição seja lá quem for o candidato ou como situação seja lá quem for quem esteja no poder.
Onde vamos chegar? Não sei, não faço à mínima idéia. O cardápio é ruim. Temos que escolher o(a) “menos ruim”. Alguém vai ganhar, e daqui há quatro anos o processo eleitoral se reinicia e tudo começa de novo.
E a Administração Pública? Ah, isso é um pequeno detalhe, pois faz muito tempo que não se discute ou se vota em Dom Pedro com base no desempenho de um governante.
O que se discute agora é quem tem mais poder político e econômico. Quem emprega mais membros de uma família, de preferência sem concurso público, que dar mais cestas básicas, afinal o povo precisa, quem promete mais vantagens individuais mesmo que isso se dê em detrimento dos interesses de toda a coletividade. Quem movimenta melhor as finanças, ou na expressão do povo quem solta mais o “doido”.
E quanto à infraestrutura da cidade? Os serviços de saúde? A educação? Ah, isso tudo pode esperar quem não pode esperar é o eleitor que precisa receber logo sua quota de participação no bolo municipal.
E o Ministério Público e o Poder Judiciário em Dom Pedro para fiscalizar essas coisas mundanas da política e da Administração Pública?
As instituições jurídicas em Dom Pedro se amoldam rapidamente a cultura reinante da indiferença e do atraso político-jurídico e normalidade do anormal.
E o Poder Legislativo Municipal? Ah, esse é que não pretende que nada se altere. Assim estar tudo certo como dois e dois são cinco. Ninguém fiscaliza ninguém e tudo corre as mil maravilhas.
E a Sociedade Civil? Essa cuida de seus interesses mais imediatos e, depois, fica quatro ou oito anos reclamando dos políticos e de seus administradores como se não tivesse nada a ver com a coisa pública e com os destinos da cidade.

A prefeita Arlene Costa passou 20 anos lutando para chegar poder municipal em Dom Pedro. Chegou e faz uma administração modesta. Tem dois ex-prefeitos lhe apoiando a reeleição que é o Chico do Valdemar e um grande prefeito que Dom Pedro teve que foi Pedro James. Diz-se a voz rouca das ruas que Pedro James de tanto cuidar dos interesses públicos esqueceu-se dos próprios e, por isso, hoje é esquecido pela população. Uma coisa terrível, pois pelos feitos em Dom Pedro Pedro James era para ser um homem reconhecido e muito querido em Dom Pedro. Ribamar Filho que manipulou o Povo e o Poder é muito mais lembrado do que ele.
Hernando Macedo e Raimundinha

O candidato Hernando Macedo (PCdoB) tenta pela terceira vez ser prefeito de Dom Pedro. Uma obstinação de seu pai Dedé Macedo em transformar o filho em Prefeito.  É uma luta ferrenha por poder político, pois o econômico a família Macedo já conseguiu. Falta a legitimidade social que se busca a qualquer custo. Diz-se que se ganhar vai transformar Dom Pedro na república dos Macedos. Alguns duvidam que ele possa fazer alguma coisa no município diante dos altos gastos que terá despendido para chegar ao poder municipal em três eleições caras e seguidas. Não se sabe temos que aguardar.  
Hernando conta neste projeto com o ex-prefeito Ribamar Filho que teve três mandatos e em termos administrativos não disse a que veio. Ainda sonha voltar pelo irmão Alexandre Costa (ou Alberto?) para o “Palácio Ananias Costa”.
Para isso precisa ajudar a Hernando desapiar Arlene Costa do poder. Depois, na sua lógica política iniciaria outra luta, desta feita para desapiar Hernando Macedo do poder e colocar Alexandre ou mesmo Alberto.  O homem não é brincadeira e mesmo cheio de problemas legais e políticos continua se achando o cara.
A questão do poder em Dom Pedro é empírica e não meramente opiniática e, por isso mesmo, devemos aguardar os acontecimentos políticos e eleitorais. Tenho algumas idéias, mas depois conto para vocês.
Fabrício Abraão e Curió

E o médico Fabrício Abraão? Este se formou na Bolívia em Medicina e antes mesmo de se estabelecer como médico pretende ser prefeito de Dom Pedro. Pouca gente acredita em seu projeto político. A medicina boliviana lhe subiu a cabeça, mas a realidade da política de Dom Pedro talvez lhe arrefeça os ânimos. Diz-se que seu candidato a vice-prefeito Curió está certo da vitória, inclusive diz que vai eleger a filha vereadora numa carreira solo. Tentei como muito mais legitimidade fazer isso com o Lula do Sindicato e ele obteve mais de 900 votos e não deu certo. Eleição proporcional depende do somatório de votos de outros candidatos e partidos. É aguardar.
A disputa eleitoral mesmo - pelo andar da carruagem - ocorrerá mesmo é entre o poder político da Prefeita Arlene Costa, com um grande número de pessoas que estão no poder, ampla coligação de vereadores e partidos, com alguma experiência administrativa adquirida ao longo do tempo em Dom Pedro por parte de sua família contra o poder econômico da família de Hernando Macedo.
Em outras palavras: a disputa fica realmente entre o poder político versus poder econômico ou poder político-econômico da prefeita hoje sob o comando da prefeitura Arlene Costa versus o poder econômico nas mães de Dedé Macedo, Hernando e família.
E o Povo? Ora, o Povo fica entre essas duas lutas alimentando-se de suas paixões políticas, recebendo pequenos e médios benefícios e saciando seus desejos, suas ambições e seus sonhos pessoais e públicos.
E o município continuará no mesmo lugar de sempre? Sem efetivas políticas sociais de Saúde, sem adequadas políticas de Educação, com a Infraestrutura corroída e com muita festa e muitos bares porque ninguém é de ferro? É aguardar.
Quem ganhar as eleições já sabe: terá que ter uma grande festa com aviões do forró, Michel Teló ou Gustavo Lima na Praça das Bombas. E os projetos dos candidatos? Ah, isso a gente fala depois, pois o que vale a pena é o hoje, o amanhã é incerto e no longo prazo todos estaremos mortos. É isso!  
  
   

  

Um comentário:

  1. Muito bom o artigo, mas vale frisar algumas coisas:
    O Fabrício há algum tempo estabeleceu-se como médico (e bom, por sinal) na cidade de Barra do Corda-MA por falta de oportunidade na cidade natal(Dom Pedro); Arlene Costa não tem experiência alguma na administração pública pelo fato de não governar (posse indireta do poder)e como outros, fomentou a política pão e circo (mas desta feita o pão tava azedo e o vinho estragado); Hernando Macedo tem sim legitimidade popular, mas a oligarquia podre (Costa)apresenta resistência e corrompe o resultado das votações.
    A Ciência Política preleciona que não existem corruptos sem corruptores. Logo, se elegem alguém devem cobrar a execucação do plano de governo imediatamente. Devem exigir as funções básicas dos vereadores elencadas na Carta Magna. Ora, não podemos esquecer que o referido diploma legal absorveu a ideia de que o povo é a maior autoridade política de um lugar.
    Voltaire dissera com eloquência e autoridade que o povo burro merece canga, aguilhão e ferro. E deveras, é isso que acontece com os dompedrenses; e há de continuar assim.

    ResponderExcluir